" Mestres modernos de uma coleção única da Suíça" Por Michèle Laird, swissinfo.ch

http://www.swissinfo.ch/media/cms/images/null/2011/07/vallotton_esterel-30795312.jpg"Van Gogh, Bonnard, Vallotton…”. A “Fondation de l'Hermitage” de Lausanne oferece uma rara oportunidade para ver obras de mestres modernos da aclamada coleção Hahnloser.

Reunida em Winterthur entre 1905 e 1936 por um oftalmologista, Arthur Hahnloser , e sua esposa artista, Hedy Hahnloser-Bühler, a coleção é um instantâneo precioso de um período da história da arte entre o impressionismo e o modernismo.

É uma história excepcional de como uma família suíça sem grandes recursos, nem tradição artística, consegue formar uma prestigiosa coleção.

"A coleção é única, não só por causa de sua visão e coerência, mas também porque é uma das poucas coleções de arte particular que se manteve praticamente intacta", explica à swissinfo.ch Angelika Affentranger-Kirchrath, curadora da Villa Flora, a casa que abriga a coleção permanente em Winterthur.

Villa Flora é a antiga casa da família Hahnloser que se tornou um museu em 1995. Inspirada do “Jugendstil”, a casa é considerada uma obra de arte em si, mas não é grande o suficiente para expor a grande coleção de arte reunida durante mais de 30 anos pelos Hahnlosers.

A exposição das 150 obras atualmente em exibição na “Fondation de l'Hermitage”, em Lausanne, oferece uma oportunidade para compreender o significado da coleta obsessiva de uma família de Winterthur, bem como ver de perto obras de grandes mestres.

Encontro com Hodler

Foi o pintor Giovanni Giacometti, pai de Alberto, que apresentou os Hahnlosers à cena artística, incluindo a Ferdinand Hodler, o controverso, mas admirado pintor cuja obra seria posteriormente defendida pelo casal.

Hedy descreve assim o encontro com Hodler: "Nós estávamos experimentando pela primeira vez o que vivenciaríamos centenas de vezes depois, o desejo irreprimível de olhar o mundo através dos olhos de um mestre".

"Hedy era claramente a força motriz por trás da coleção", diz Affentranger, admitindo, no entanto, que o marido de Hedy, Arthur, e o cunhado Emil, um magnata do setor têxtil, também desempenharam um papel ativo. A parte da coleção de Emil Hahnloser foi deixada aos Hahnlosers após sua morte em 1940.

"O que ela queria, acima de tudo, era conviver com seu tempo e acreditava que a arte era realmente a melhor maneira de fazer isso", explica a curadora, falando de uma mulher cuja educação protestante e problemas de saúde causados pela tuberculose deixaram a imagem de alguém incrivelmente forte e extremamente frágil. Hedy sobreviveu ao marido por 16 anos.

"Hedy Hahnloser queria decorar a vida com arte, mas não era nada ostentosa", diz Affentranger.

De 1908 até a repentina morte do médico, em 1936, o casal fez frequentes viagens à França, inclusive à Cannes, onde haviam comprado uma casa para estar perto da comunidade artística.

Uma exposição única

"Esta é a primeira vez em que muitas das obras estão sendo expostas juntas", diz Affentranger, acrescentando que o processo de curadoria da exposição de Lausanne, em colaboração com Juliane Cosandier, que está deixando a fundação, e sua sucessora Sylvie Wuhmann, foi complexo, mas a experiência inspiradora.

A coleção encontrou seu caminho na graciosa mansão de Lausanne, não em ordem cronológica, mas por artista ou apresentações temáticas, um arranjo que produz algumas associações interessantes.

"Os Nabis formam o coração da coleção, por isso decidimos apresentar ‘uma coleção dentro da coleção’”, conta, explicando a mostra monográfica de Pierre Bonnard e Félix Vallotton, os principais representantes do movimento pós-impressionista que se tornaram amigos íntimos dos Hahnlosers.

A intimidade que Bonnard chamava de seus "momentos encantadores" - mulheres perdidas em devaneios enquanto se banham ou esperam que algo aconteça – que faz um forte contraste com as obras ferozmente enigmáticas de Vallotton.

Fauvismo

Outras revelações incluem um Odilon Redon de cores extraordinariamente turbulentas e obras de impressionistas de natureza inesperada: telhados de Paris de Cézanne, estrias de fogos de artifício de Van Gogh e paisagens plumosas de Renoir.

Para coroar a coleção, os artistas fauvistas, que sucedem os Nabis, são representados por Matisse, Rouault e Henri Manguin, possivelmente até então desconhecido para muitos visitantes.

"Nós restauramos a excitação inicial e as conquistas radicais de uma das mais importantes coleções privadas da Suíça", diz Cosandier, que admite ter o prazer de fechar com chave de ouro os 15 anos de sucesso como diretora da Hermitage com esta prestigiosa exposição.

Michèle Laird, www.swissinfo.ch

Adaptação: Fernando Hirschy

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